sábado, 20 de novembro de 2010

Superficial e vazio.

Ando insatisfeita com meu cabelo. Corto, aliso ou enrolo? Não só com cabelo, mas com esmaltes, roupas e hidratantes perfumados. No fundo mesmo toda essa insatisfação é comigo mesma, compro coisas inúteis para preencher um vazio interno que não precisa de novos penteados, esmaltes e hidratantes perfumados. Muitos psicólogos, jornalistas ou filósofos alegam que a solidão é o mal do século, eu concordo. Solidão é estar cercado de amigos, ter uma família linda, uma serie de admiradores e um namorado, mas não ter a si mesma. Solidão é viver dentro de uma sociedade que com o passar dos anos se torna cada vez mais consumista e superficial. Solidão é o que move a Internet hoje, é o único motivo pelo qual os orkuts e twitters se tornam cada vez mais populares. O que é que queremos afinal? Amigos, recados bonitinhos, depoimentos que digam para o resto do mundo como somos legais. Queremos mostrar fotos da viajem pra Disney, mostrar fotos com cinquenta amigos diferentes e com o novo namorado. Queremos que o mundo saiba como somos amados, em busca de admiração apenas isso. Queremos passar uma imagem de estampa ideal, quando na realidade a viajem pra Disney foi financiada em mil vezes, os cinquenta amigos da foto nem lembram que você existe, e as novas paixões se vão a cada semana. Conversamos com os verdinhos no MSN e tentamos “recuperar” amizade com pessoas das quais mal falávamos “Oi” alguns anos atrás. Damos bom-dia no twitter e não damos bom-dia ao vizinho no elevador. Tudo muito fútil, tudo muito virtual, tudo resultado dessa nossa maldita carência, tão maldita quanto essas relações virtuais infundadas. Necessitamos nos encaixar nos padrões atuais de pessoa bem sucedida e amada para ser aceita. Mais pare, olhe! O vazio ainda está lá! Nas tardes de domingo, nos novos penteados, roupas ou cores da moda. Compramos pra preencher um vazio interno, o mesmo vazio que tentamos preencher com amigos virtuais, relacionamentos virtuais, mentiras virtuais, um vazio que não precisa de cores da moda ou hidratantes perfumados. Precisamos parar de varrer as coisas para baixo do tapete e fingir que está tudo certo, já basta. Despistamos nossa carência assistindo um simples programa de televisão ou postando fotos no Orkut. Tudo tão superficial nos tornamos tão efêmeros quanto as cores da moda, e continuaremos assim, mudando de penteado a cada semana.

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